Novos dados reafirmam visão de PIB fraco no último trimestre de 2022
Por Roberto Macedo*
Os dados examinados a seguir trouxeram alguns números do desempenho do PIB como um todo e de seus setores mais importantes, completando dados de outubro de 2022 e, em alguns casos, já alcançando números até novembro.
Começando pelos números do PIB, a previsão para outubro do índice dessazonalizado de Atividade Econômica do Banco Central, o IBC-Br, foi de um crescimento de -0,05%, taxa bem inferior às ocorridas, segundo o IBGE, no primeiro trimestre (1,3%), no segundo (1,0%) e no terceiro (0,4%).
Já o índice, também dessazonalizado, de Volume Mensal do PIB, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE-FGV), mostrou-se estável em outubro e em novembro. Ou seja, ambos os índices mostram uma economia praticamente sem crescimento no quarto trimestre de 2022, faltando apenas um mês para completar o ano.
Lembrando artigos anteriores sobre o mesmo assunto, chamo de novo a atenção para o fato de que a previsão para o PIB do ano como um todo, conforme o boletim Focus do Banco Central, é de um crescimento de 3%. Mas com essas previsões de que a economia passou a demonstrar um desempenho bem fraco nos dois últimos trimestres do ano, com a fraqueza sendo maior no último, no âmbito político haverá quem ressalte mais a taxa de 3% para o PIB anual, enquanto seus opositores concentrarão sua atenção na tendência de queda das taxas trimestrais mais perto do final do ano.
Passando aos dados setoriais, o quadro é o seguinte, conforme publicado pela Folha de S. Paulo em 13 de janeiro, tendo como fonte o IBGE, com os números a serem citados representando, respectivamente, as taxas calculadas para os meses de outubro e novembro: Serviços, -0,5% e zero, Comércio Varejista, 0,3% e -0,6%, e indústria, 0,3% e -0,1%.
No final de fevereiro, novas previsões surgirão, mas a expectativa maior fica para o início de março, quando o IBGE deverá divulgar os seus cálculos do PIB, e também setorialmente, relativos ao último trimestre de 2022 e ao ano todo.
Continuarei acompanhando o assunto, mas enfatizarei mais esses resultados que serão publicados pelo IBGE, pois eles serão de dados efetivamente observados e não de previsões.
* Roberto Macedo é economista (UFMG, USP e Harvard), professor sênior da USP e membro do Instituto Fernand Braudel.
Artigo publicado no site do Espaço Democrático em 23 de janeiro de 2023.