Setor de serviços ajuda no crescimento do PIB
Por Roberto Macedo*
O setor de serviços, que inclui o comércio, vem se destacando favoravelmente no movimento recente do PIB. No mês de setembro passado, o último dado disponibilizado pelo IBGE, o volume de serviços cresceu 0,9% no mês, o que é um nível bem alto para uma taxa mensal. Além disso, o crescimento acumulado nos últimos 12 meses até setembro foi de 8,9%, o que mostra que um crescimento alto também aconteceu nesse período como um todo.
Mas olhando mais longe no passado, percebe-se que o setor passou por um longo período de depressão a partir de novembro de 2014, e só nesse último mês de setembro voltou ao nível que tinha antes dessa depressão. E foi um período bem extenso, de quase oito anos.
Nesse período ele foi caindo até meados de 2018, em seguida mostrou uma fraca recuperação até fevereiro de 2020, mas a partir de então caiu na recessão provocada pela crise da Covid-19 chegando ao ponto mais baixo em maio de 2020. Desde esse mês mostrou uma tendência de alta, com pequenas oscilações até chegar a essa marca de setembro último que marcou o fim dessa longa depressão.
O setor de serviços é o que tem maior peso no PIB, 69% segundo levantamento do IBGE no segundo trimestre deste ano. A agropecuária respondeu por 8% e a indústria por 23%. E o bom desempenho em 2022 contribuiu muito para elevar o crescimento do PIB no ano, pois a indústria tem crescido muito pouco. O agronegócio continua também com um desempenho favorável, mas como foi visto sua participação no PIB é bem menor. Vale notar também que parte do produto da agropecuária segue para a indústria, e aí o valor que lhe é adicionado conta como produção deste último setor.
Essa participação forte do serviços no PIB refletiu-se no fato de que após anunciada a referida alta taxa de crescimento em setembro último, algumas instituições financeiras elevaram suas previsões de crescimento do PIB em 2022. Essas previsões começaram o ano perto de uma taxa anual de 0,5%, mas foram crescendo ao longo do ano até chegar em 2,8%, segundo o Boletim Focus semanal do Banco Central, de 11/11/22.
No fim de novembro ou início de dezembro o IBGE divulgará a variação do PIB no terceiro trimestre de 2022 e abordaremos aqui os seus resultados.
* Roberto Macedo é economista (UFMG, USP e Harvard), professor sênior da USP e membro do Instituto Fernand Braudel.
Artigo publicado no site do Espaço Democrático em 16 de novembro de 2022.